sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Fotos - Marcha 09/11

Divulgação de algumas fotos* da Marcha Nacional em favor dos Guarani-Kaiowá. 


Concentração no Museu:

 Fala de Verenilde Santos Pereira.
 Fala de Igor Caribé.



  Marcha na Rodoviária de Brasília com as lideranças indígenas.

Depois do trajeto que se iniciou no Museu da República em direção à Rodoviária, Conic, Galeria dos Estados, Setor Comercial Sul, W3 Sul a Marcha para na Funai. (Liderança dos Guarani em destaque).

*fotos por Alan Tórma.

domingo, 18 de novembro de 2012

Sepultura - Kaiowás (Chaos A.D. 1993)


Kaiowas

This song is inspired by
A brazilian indian tribe called "Kaiowas"
Who live in the rain forest
They committed mass suicide
As a protest against the government
Who was trying to take away their land beliefs


Detalhe  que  a música foi tema do item 84 do PAS Subprograma 2010 – Segunda Etapa.

sábado, 17 de novembro de 2012

O LEITOR VULNERÁVEL EM TEMPOS DE CONSCIÊNCIA BOVINA


Por Verenilde Santos Pereira.

O extermínio simbólico que desde o século passado a revista Veja produz contra os indígenas do Brasil – e contra tantos outros excluídos - continua cada vez mais virulento, embora esta produção simbólica justifique e até promova a aniquilação física destes grupos. Embora isto também promova a inconsciência e desinformação em seus vulneráveis leitores. Nas recentes coberturas sobre os Guarany Kayowá a Veja se supera: personifica inquestionavelmente a figura de Adolph Eichmann, o réu nazista que veiculou  no mundo a “banalidade do mal”. Como se sabe “banalidade do mal” é um conceito elaborado pela pensadora política Hannah Arendt - que pensou o mal fora da tradição cristã-ocidental que o ligou apenas ao sofrimento e à morte.  Neste caso, trata-se de um mal muito sutil, fora da concretude dos atos, portanto, mais perigoso.    
Como é sabido, Adolph  Eichmann foi o réu nazista condenado à forca após julgamento na corte distrital de Jerusalém, em 1961. Ele foi acusado de crime contra o povo judeu, crime contra a humanidade e crimes de guerra. Para o julgamento – considerado um dos mais importantes do século passado e presenciado por jornalistas de todo mundo -, Hannah Arendt, de origem judia, participou como repórter para a revista The New York. O que causou perplexidade na pensadora é que, ao invés do monstro, de um criminoso cruel ou alguém arrependido pedindo perdão, ela se deparou com um homem dotado de uma excessiva superficialidade. Eichmann  não era sequer dotado de forças demoníacas ou doenças patológicas que explicassem a autorização  para mandar exterminar milhares de pessoas nas câmaras de gás. Eichmann era apenas um tenente-coronel fiel à ideologia do Nacional Socialismo, admirava Hitler de quem era um servidor leal: sua obediência era “cadavérica”.  Ele era simplesmente alguém  incapaz de pensar fora dos clichês, das frases feitas, de colocar-se no lugar do outro, de ter consciência de seus atos. Esta incapacidade de pensar por si próprio essa falta de reflexão é que Hannah Arendt - autora que legou ao mundo reflexões que ajudam a compreender a contemporaneidade – definiu como a banalidade do mal. Irreflexão, incapacidade para o pensamento, era um mal banal, que não tinha raízes em patologias mais profundas embora se espalhasse como fungo em lugares-comuns. Voltemos à revista, a mais vendida no país portanto presente nos lugares comuns de milhares de brasileirXs.  
1990: A revista (n. 1.148, setembro)  publica uma reportagem  sobre os Yanomami intulada “A morte ronda os índios na floresta”, assinada por Eurípedes Alcântara. A década foi marcada pelas  invasões  de garimpeiros na área e pelos conflitos sangrentos  num período em que a luta pela demarcação era uma questão crucial  para estes indígenas.  Justamente neste contexto a revista define os Yanomami como uma “indiaiada que não está nem um pouco empenhada em defender a floresta”; as mulheres “servem a maridos polígamos e infanticidas”; são aqueles que “matam os filhos indesejáveis”.  E mais: “são anti-higienicos”, “extremamente belicosos”, “vingativos”, e por aí vai.
          2010: Mês de maio.  A reportagem “A farra da antropologia oportunista” (edição 2163, número 18), assinada por Leonardo Coutinho, humilha negros e indígenas numa estereotipação que reflete o automatismo de Adolph Eichmann.  O índio Pataxó José Aílson da Silva, talvez por ser liderança, é alvo de chacotas, numa tentativa de descaracterizá-lo como indígena. Leonardo Coutinho o apresenta como “um  negro que professa o candomblé” ou “cujo cocar é de penas de galinha, com os que se usam no carnaval”.  Esta demonstração da ignorância sobre a complexidade dos índios do nordeste lembra aquilo que no final dos anos 70 se denominou de “Auschitz tupiniquim”. Ou seja, os critérios de indianidade intituidos pelo coronel Ivan Zanoni Haussen, assessor da presidência da Funai  que exigia características para o ‘ser” índio:  os indígenas deveriam  ser baixos, morenos, cabelos lisos, olhos amendoados.  Descobriu-se a tempo que isto era manobra para  desalojar  praticamente todos os indígenas de suas terras dentro da proposta da emancipação.  Conseguiu-se engavetar a insanidade.
  Em seu simplismo e má fé – e todas as duas possibilidades são graves – a revista fortalece a depreciação contra Aílson que “apareceu tupinambá, povo antropófogo extinto no século XVIII, e sua “tribo” (as aspas contidas na palavra fazem  parte depreciação)  é composta de uma maioria de negros e mulatos”;  um grupo enfim,  que invade e saqueia fazendas no sul da Bahia e  apesar das contradições e delitos que cometem  e revista lamenta que a Funai os reconheça como índios legítimos.
  O jornalista ridiculariza os Borai que vivem em Alter do Chão, no Pará, grosseiramente inseridos no que a revista chama de  “Teatrinho de Praia”. O cacique Odair José que carrega este nome graças aos “benefícios” da indústria cultural é também alvo de chacotas: o termo cacique vem com aspas, sempre na tentativa de rebaixá-lo. Em outro subtítulo “Macumbeiros de cocar” a revista ridiculariza o índio Francisco Moraes porque “faz macumba” e pratica a dança de São Gonçalo. A revista “informa”: “ a questão é que a origem da macumba é africana e a da dança portuguesa”;  assim sendo, nenhum brasileiro poderia sequer  jogar futebol porque deixaria de ser brasileiro. Entrevistas forjadas, dados falsos, informações manipuladas foram denúncias feitas por especialistas e pessoas que tiveram seus nomes divulgados na reportagem  mas que a revista inescrupulosamente escondeu de seus  inocentes leitores. 
 Pelo fato de muitos Guarany  percorrerem a divisa entre Brasil e Paraguai o jornalista Leonardo Coutinho ridiculariza o guarani Milton Moreira. Com o título “MADE IN PARAGUAI” ou seja, uma alusão a artigos contrabandeados e objetos de qualidade duvidosa,  ele diz que estes indígenas foram  “importados” do Paraguai pelo Conselho Indigenista Missionário. 
          2012. Outubro. Um Brasil que sequer sabia da existência de indígenas muito menos dos Guarany Kayowá e muito menos que eles se suicidam há décadas surge como uma informação viral nas redes sociais. Marchas em quase todo o Brasil são realizadas em solidariedade a estes indígenas.  No dia 30 de outubro, em Brasília, o sociólogo Boaventura Souza Santos ao falar para mais de mil alunos da UNB fez duas convocações: que participassem da marcha em solidariedade aos Guarany  Kayowá  no dia seguinte, dia 31 de outubro e que  deixassem de comprar jornais comprometidos com o agronegócio,  com o latifúndio e afins;  lembra a existência das mídias alternativas que buscam  não distorcer e manipular os fatos. No dia seguinte, 31 de outubro, centenas de estudantes, professores universitários, jovens politizados que lembravam as manifestações da era Collor,  funcionários públicos, indígenas de várias etnias, militantes, ambientalistas, jornalistas, se uniram num protesto contra a política genocída que provoca tragédias em toda sociedade brasileira mais especificamente aos povos indígenas. Parte da mídia fez que não entendeu. Ou que não ouviu. Distorceu. Mentiu. Ignorou.
 A Veja fez o que há de pior.  Leonardo Coutinho voltou à tona com a reportagem “A Ilusão de um Paraíso”,  e seu texto  começa com uma reclamação  contra a suspensão da ordem de despejo feita pelo Tribunal Regional Federal da 3ª.  Região que evitou  a expulsão dos Guarany Kayowá  da Fazenda Cambará em Iguatemi, no Mato Grosso. Desinforma o leitor quando diz que a as terras pertencem à fazenda, desinforma quando afirma que o Cimi “conseguiu aproveitar a ignorância das pessoas”  sobre a realidade em  Mato Grosso do Sul. Diz que na região dos Guarany são comuns casos de depressão, uso de crack e abuso de álcool.  Mas não diz que os Guarany Kayowá vivem n nos fundos das fazendas que invadiram suas terras, não fala da condição dos indígenas que trabalham até 10 horas diárias nas usinas de cana-de-açúcar por um salário mínimo, Não fala das estradas que cortaram suas terras e dos botequins onde o álcool é comercializado e ao redor dos quais os indígenas mendigam.  Nem da entrada e expansão cruel do agronegócio que desestruturou drasticamente sua forma de viver, sua organização, sua religiosidade, a condição mínima de sobrevivência física, pois, afinal, eles não comem  pasto.  
A revista ironiza algumas jovens que em repúdio ao estupro de uma índia tiraram a blusa na marcha da Esplanada, mas, segundo Leonardo Coutinho, “ muitas brasileiras não perderam a chance de protestar de peito aberto diante das câmaras”. Sobre o estupro, nada.  Não fala de Marçal Tupã morto em 1983 sem punição para seus assassinos; nem de MarcosVeron assassinado em 2008, muito menos de Nisio Gomes, assassinado no dia 18 de novembro colocado na carroceria de uma camionete e levado sem que se saiba para onde; crime que até o momento continua impune. Em determinado momento os autores da matéria confessam a que vieram: “ocorre que o território dessa nação coincide com a zona mais produtiva do agronegócio”.  
          Leonardo Coutinho não diz que existem na área dos Guarany Kayowá 20 milhões de cabeças de gado que dispõem de 3 a 5 hectares de terra por cabeça enquanto cada índio não chega a ocupar um hectare. Não fala das mortes de Silvana Aquino e Zulmara no simbólico dia 7 de setembro de 1999.  As duas, com 14 e 21 anos respectivamente, misturaram Tordon o agrotóxico mortífero adquirido na fazenda de Arce Batista, o misturaram a Sukita e o ingeriram. No dia seguinte Wanderlan Juca fez o mesmo.
          Penso no jornalismo como uma representação social da realidade cotidiana e o quanto a mídia produz discursos que passam a ser discursos de verdade, os discursos de poder pensados por Foulcault. Para constituí-los é necessário que os meios de comunicação se apropriem dos sentidos dos fatos o que vai depender de algumas condicionantes: Quem fala por tás dos profissionais da mídia. Quem fala por trás dos jornais. Eichmann era perfeito nas regras de linguagem, Hannah Arendt queria saber o que fez aquele homem parar de pensar. Tão inconsciente era que antes de morrer na forca utilizou as mesmas frases decoradas que tinha ouvido ao longo da carreira. Não zombava, a revista Veja também não. Em sua edição 2295 de 14 de novembro último ela volta a falar contra índios e homossexuais o que ocasionou  um certo repúdio pelas redes sociais. É muito pouco. Assim como Eichmann  responsável pela burocracia dos extermínios, a condenação não provocou  inquietude na sua consciência,. Os textos sobre os quais nos referimos proliferam. Isto quando não é sufocado pelo silêncio dos “bons” como já se reclama nas mesmas redes sociais.  Os textos de Veja se proliferam a cada semana e nós leitores vulneráveis ainda não aprendemos a lidar com esta consciência bovina. Não seria a proliferação de Eichamanns (Batistas...?).

 Verenilde Santos Pereira é jornalista e pesquisadora da Faculdade de Comunicação da UNB na linha de Jornalismo e Sociedade. 

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

HOJE Marcha Nacional pelos Guarani-Kaiowá

ÍNDIO É TERRA, NÃO DÁ PARA SEPARAR!

CONTRA O SILÊNCIO DAS AUTORIDADES FRENTE À PERPETUAÇÃO DE MASSACRES A INDÍGENAS BRASILEIROS, EM ESPECIAL À COMUNIDADE DOS GUARANI-KAIOWÁ, AMEAÇADOS PELA JUSTIÇA E POR FAZENDEIROS COM SEUS JAGUNÇOS!

Dia: 09/11/12 
Horário: 16:30h, concentração, 17h Marcha!
Concentração: Museu da República

VÍDEO/ DIVULGAÇÃO:
http://vimeo.com/53009657

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Reportagem sobre Fausto Castilho

Está lançando a tradução de Ser e Tempo, edição bilíngue, pela editora Unicamp.
Confiram a reportagem publicada na Folha de São Paulo (04/02/12).


Clique no link para ler a reportagem: 



Reportagem e Entrevista - Jornal da Unicamp (27/08/12):


Livro em promoção pelo site da Unicamp, 50% de desconto:


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Exposição Caravaggio



Local: Salão Leste do Palácio do Planalto

Horário: 9 às 19 horas, no período de 6 a 14 de outubro de 2012.

"Trata-se de uma das exposições com o maior número de obras de Caravaggio já realizada na América do Sul. A mostra teve recorde de público em Belo Horizonte e em São Paulo, onde contou com uma média de três mil visitantes por dia. O projeto conta com o apoio da Embaixada da Itália no Brasil.
Considerado um dos maiores artistas italianos e precursor do barroco europeu, Michelangelo Merisi da Caravaggio (1571–1610) revolucionou a arte de seu tempo com telas feitas em técnica “claro-escuro”, produzindo luzes e sombras  que impressionavam pela dramaticidade às cenas retratadas. No Palácio do Planalto, o público poderá ver: San Girolamo che scrive (coleção Galleria Borghese); San Francesco in meditazione (coleção Palazzo Barberini); Ritratto di cardinale (coleção Galleria degli Uffizi); San Giovanni Battista che nutre l’Agnello (coleção particular);Medusa Murtola (coleção particular) e San Gennaro decollato o Sant’Agapito(Museo Diocesano)."

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Curta A Ditadura da Especulação (ou Dos Colonos)

Brasileia mais emputecida do que nunca:


Reproduzo o texto colocado na descrição do vídeo:

"A causa relatada no curta comoveu a platéia que ao fim da exibição, pela primeira vez desde o início da mostra competitiva do Festival de Brasília 2012, aplaudiu um filme em pé.
A Ditadura da Especulação é dirigida por Zé Furtado que "é um voluntário do Centro de Mídia Independente, uma locutora de radio livre, uma trabalhadora que paga 4 ônibus lotados por dia na Samambaia, um cineasta sem cinema onde passar seu filme, é uma sem terra em Planaltina, um desempregado na Estrutural, Catraqueiro no Paranoá, Honestino na UnB, uma Feminista nas ruas da cidade. Zé Furtada é o zapatista sub-comandante Marcos, suas representações e maiorias sociais. Maiorias, sim! Minoria é o 1% dono dos meios de produção e do poder institucional. Somos mais!"."

Ora, vejam só, para quê o espanto (se há)? Quem não se lembra da remota votação do PDOT, no famigerado governo Arruda? Nós brasileiros temos uma memória indelével, então vamos excluir o espanto. (Aliás, já havia me referido a isso em http://brasileiaemputecida.blogspot.com.br/2012/08/brasileiros-com-orgulho.html)
Segue:


DECRETO Nº 30.301, DE 25 DE ABRIL DE 2009.

Dispõe sobre as publicações dos perímetros das macrozonas que especifica e dá outras providências.
O GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL, no uso das atribuições que lhe confere o art.
100, VII, X, XXI, XXVI, da Lei Orgânica do Distrito Federal, combinado com o art. 3º, III e
Parágrafo único da Lei n º 2.299, de 21 de janeiro de 1999, e considerando a Lei Complementar
803/2009, DECRETA:

BLÁ, BLÁ, BLÁ...

Quem acompanhou o que o monstro midiático vomitava durante o período até então, viu que a luta entre os posseiros ("os donos do Brasil") e a "própria terra" foi cáustica. E, como muito bem mostra o curta, as forças do Poder - ouvi alguém gritando algo do tipo "aqui está a Constituição" para os gambés - estão servindo ao Povo, "direitinho" ou segundo o "Direito". 

Por outro lado, nós brasileiros estudamos bastante a Constituição de nosso país ainda na educação fundamental, para que quando algo do tipo aconteça, sabermos dizer que, segundo o início do artigo 5º: "Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza[...] Blá, Blá, Blá".

Nós brasileiros somos também muito inteligentes para não ver que o joguete de terras, que beira o descobrimento desta terra maravilhosa (por sinal cheia de 'bons selvagens', ou até hoje, não?), só continua a empapuçar os colonos... 

Vai dizer que quem for morar no Noroeste não é colono? 

domingo, 23 de setembro de 2012

Rios sem discurso



Quando um rio corta, corta-se de vez

o discurso-rio de água que ele fazia;
cortado, a água se quebra em pedaços, 
em poços de água, em água paralítica.
Em situação de poço, a água equivale

a uma palavra em situação dicionária:
isolada, estanque no poço dela mesma, 
e porque assim estanque, estancada; 
e mais: porque assim estancada, muda
e muda porque com nenhuma comunica,
porque cortou-se a sintaxe desse rio, 
o fio de água por que ele discorria.
O curso de um rio, seu discurso-rio,

chega raramente a se reatar de vez; 
um rio precisa de muito fio de água
para refazer o fio antigo que o fez.

Salvo a grandiloqüência de uma cheia
lhe impondo interina outra linguagem, 
um rio precisa de muita água em fios
para que todos os poços se enfrasem: 

se reatando, de um para outro poço,
em frases curtas, então frase e frase, 
até a sentença-rio do discurso único 
em que se tem voz a seca ele combate.

João Cabral de Melo Neto. In: A educação pela pedra.

Hilan Bensusan em Dexistência (Pulsão de Pausa)


Filme de Hilan Bensusan e Teresa Labarère com Luciana Ferreira, Hilan Bensusan, Ingrid Barros (na Pachamama), Artur Marques e Pachamama. Som: Luis Fernando Suffiati.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

11 de Setembro - Dia do Cerrado







"Como notado, não permanecemos no Norte por muito. Era preciso o seco inverno do planalto. Um dia, saímos eu e Dionísio, do mesmo modo que eu chegara. E sabíamos bem quando estivéssemos lá. O céu de peculiaridade incomum, às vezes qual uma tela expressionista, outras impressionista; variando de acordo com a intensidade dos sopros que se dava às nuvens. A luminosidade extremamente ameaçadora, capaz de impedir a própria leitura desta página ao refleti-la diante do auge do Astro.  E, pela frustração de não ter alcançado minha meta; acorri a Simoni, que me apresentou o dito local, em meio a uma das regiões de, ainda, maior biodiversidade do orbe – o cerrado. A maior parte dele, como eu, escondida no subterrâneo – a floresta enterrada, raízes e aquíferos a abastecer a América do Sul, a distribuir qual uma aorta fincada no âmago do Austro. –"

(Metamorfoses na Jugular Petrificada, Interlúdio, Parte IV)


Veja o texto publicado na página do WWF-Brasil:

Marilena Chauí e a classe média:



“Como se o mundo tivesse posto em risco todos os seus valores”


Por uma ocasião que me aconteceu um dia desses, me impulsionei a divulgar esse vídeo, no qual a Marilena Chauí participa da mesma mesa de debates que Vladimir Safatle - publicado anteriormente aqui por Igor Caribé. Esse debate ocorreu dia 28/08, analisando a situação político-social em que se encontra São Paulo e, de uma maneira geral, o Brasil. 

A situação que me ocorreu também foi uma situação de trânsito. Em um sábado passado, eu e minha namorada no meu carro, conduzi até um cruzamento, aqui perto de casa. Eu vinha de uma rua lateral que dá acesso ao semáforo do cruzamento. Semáforo fechado, esperei que algum daqueles motoristas na minha frente me dessem passagem para chegar a essa pista principal, a do cruzamento, quando o semáforo abrisse. Pois bem, o semáforo abriu deixando um espaço até grande para que eu entrasse, bem antes de um determinado carro. Este, era conduzido por um também rapaz ao lado de sua namorada. Dirigia seu carrinho importado, com ar de poder, e eu cá com meu "nacional econômico" como dizem por aí. Entrei tranquilamente na via, claro, dado o espaço. E o sujeito, não satisfeito com isso, veio me ultrapassar pela esquerda na frente - não sei como - dos carros da segunda faixa, eu desviei e até subi um pouco no canteiro. Para completar, ultrapassou, entrou na minha frente e virou à direita no cruzamento, eu segui direto.

É difícil ilustrar o acontecimento com essas referências, mas a questão se desenrola de maneira semelhante à situação descrita pela Marilena. O referido sujeito se sentindo na preferência e na antecedência a qualquer custo, por estar em um carro - signo - que lhe dava, em sua cabeça, status; agiu de acordo com o que lhe era devido. "Oras, não vou ficar para trás de um sujeito de menor status". E resolveu mostrar para sua namorada que era assim mesmo. Com toda sua imprudência, poderia ter batido em pelo menos dois carros, mas vejo que não importaria, dado seu "meio social" proporcionar esse tipo de comportamento. 

De resto, vejam a leitura maravilhosa e violenta dessa pensadora brasileira.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Palestra: A ascensão conservadora em São Paulo


"O meu direito de cidadão é antes de mais nada o meu direito fundamental de consumidor." (Safatle)

I.L.C.

A irônica frase, proferida por Vladimir Safatle durante a palestra "A ascensão conservadora em São Paulo" - realizada por iniciativa do "Coletivo dos Estudantes em Defesa da Educação Pública", nesse dia 28 de agosto na Faculdade de Ciências Sociais da USP -, expressa bem o paradigma da despolitização do pensamento atual brasileiro sobre o que é a política, por princípio uma prática concernente ao âmbito público, portanto avessa a privatismos. Aliás, a frase, se retirada de seu contexto, poderia levar às mais nefastas confusões. Contra qualquer interpretação unilateralmente subjetiva, o próprio título da palestra já em si nos convida para uma reflexão crítica, da ordem do que é o contemporâneo, de modo a dar-nos as bases do que está em jogo. Veicula um importante diagnóstico de época que, por mais que indique uma abordagem restrita ao Estado de São Paulo, na verdade insere-se num cenário um tanto maior que lhe da suporte, não só nacional como de ordem global. Mas o êxito do título não está tanto na visão de conjunto que lhe condiciona, que uns até poderiam dizer ausente, mas está no movimento que carrega consigo. Apresentando não meramente um fato sociológico, que alguns positivistas talvez pretendessem mensurar de modo quantitativo, afim de atestar ou não tal diagnóstico da "ascensão", o título, de modo diverso, pra não dizer contrário, expressa um fenômeno cuja realdade é dinâmica, agora, acontecendo. Somente uma leitura com os pés no chão é capaz de tal olhar.


Que diagnóstico de época é esse no qual insere-se a ideia básica da palestra? é a de que há em curso um avanço difuso de certo "orgulho reacionário". Não é que a direita nunca tivesse dado as caras antes, o que seria um absurdo do ponto de vista histórico tal que, em todas as épocas, o conservadorismo sempre foi figura componente central da luta pela emancipação coletiva; claro que, sob a égide do mantenedor da ordem vigente, como bem expressa a noção de "conservar". Em outras palavas, faz parte indissociável da luta por justiça social a figura do oponente que, justamente quando inexistir será enterrado juntamente com as mazelas que acarreta e conserva, porque delas se beneficia. A esta visão dual chama-se luta de classes. Todavia, esta presença no cenário político do conservadorismo nem sempre se faz de maneira tão explícita. Penso que nesta hora seja o momento de radicalizar o termo, passando a designação de conservador para reacionário. A reação é justamente a expressão de um espírito contra-revolucionário que se apresenta, se manifesta como claramente um jogador interessado, mas não só, também como sendo o próprio jogo e portanto as próprias regras. A direita representa o discurso e a prática hegemônica, como bem salientou em sua fala a também presente na mesa Marilena Chauí. O que passa a ser possível observar quando a direita assume seu papel neste teatro pós-dramático que nos engloba a todos é uma sistemática torção de conceitos de sua parte, um palavreado vazio que visa, pela distorção formal da linguagem, conectar elementos díspares, ou melhor, antagônicos. É o caso de expressões como "capitalismo humanitário", ou "natureza humana (em geral, para eles, egoísta)". Ou seja, trata-se de uma emulação com fins de dissimulação. Pois é este o espírito atual do oponente, cercado de todos os lados pela catástrofe social que vem desenvolvendo e que cada vez mais lhe aparece como sua própria nêmesis, para usar de uma expressão de David Harvey em discurso sobre os acontecimentos de Wall Street (Cf. Os rebeldes na rua). As trincheiras estão sendo montadas com os destroços que lhe motivam, semelhante à ira de um leão que para dar o bote recolhe-se e então avança, para usar uma expressão de Marx sobre a vergonha que sentia por sua pátria e que ao mesmo tempo e por isso mesmo lhe servia de força para continuar lutando. Vivemos, como Hegel via seu próprio tempo à altura da redação da Fenomenologia do Espírito, sob o signo do negativo, em tempos de franca transição... precisamos saber disso. A diferença é que à época de Hegel o que surgia à sua frente eram as promessas de uma civilização no elemento do Esclarecimento, cuja modernidade que consigo engendrava apontava para a realização da razão no Estado. Ao contrário, até mesmo do que esperava Hegel - talvez por ranços românticos mas, se não, ao menos por uma nostalgia do ethos único que caracterizou a nascimento da política na pólis ateniense -, a modernidade consolidou não a razão no, mas sim a razão de Estado. O mesmo padrão despótico contra o qual voltaram-se os burgueses insurgentes tornar-se-ia em suas mãos recém apoderadas a medida da política, uma não política porque de privilégios, um Estado de socialismo exclusivamente para os ricos. São tais privilégios, mais do que nunca inflados conforme a própria lógica da economia que lhes sustenta, o que agora está ameaçado de explosão. Entretanto, não se trata mais da luta do direito contra o privilégio, mas sim da justiça contra o direito que falhou em sua missão emancipatória.


Neste horizonte de fundo, em mesa chamada por Ricardo Musse os palestrantes Vladimir Safatle, André Singer e Marilena Chauí teceram suas considerações. Abordando cada um um prisma do problema do conservadorismo, oferecem ao público importantes momentos deste todo comum. Fiquemos com a palestra do Safatle. Ele orienta-se pelo que chamou de "conservadorismo filho bastardo do lulismo" que, tendo sido o "lulismo" caracterizado como o resultado da união de três fatores, a saber, em suas palavras, "a consolidação de uma política heteróclita de alianças, a criação de um sistema de larga escala de assistência social e de ampliação real do salário mínimo com uma integração social pela ampliação do processo de consumo", teria gerado uma nova classe no entanto desfavorável ao dito lulismo. Entende uma diferença entre esta nova configuração assumida por tais novos agentes e o que chamou de "conservadorismo orgânico", de tipo já imanente às relações sociais em sua história de desenvolvimento. Em outras palavras, a ascensão reacionária recente, somando forças com o conservadorismo já atuante e de classe distinta, explica-se em grande medida pelos desenvolvimentos sociais postos em prática pelo governo do PT que, gerando uma "nova classe média", todavia a mesma voltou-se contra a  própria política que lhes subsidiou.


Quatro são as razões elencadas: primeiramente um típico conservadorismo dos costumes; em segundo lugar, um anti intelectualismo na política; em terceiro, uma naturalização da relação entre a igreja e o Estado, que com o aparecimento das igrejas evangélicas e pentecostais, cujo modelo fora desenvolvidas dos Estados Unidos, trouxeram junto a teologia da prosperidade. Quanto a isto, Safatle diz que desde os anos 60 da ditadura militar, por exemplo em cultos batistas, já pregava-se o anticomunismo. Um quarto elemento seria a paranoia securitária. Se pergunta: o que fazer com os conservadores dentro da base, que de papel secundário que tinham tornaram-se hoje atores principais? Ele mesmo responde que "conseguem surfar dentro da queda da hegemonia cultural da esquerda" (Cf. A perda da hegemonia). Então se pergunta: "quem melhor do que um defensor do consumidor para defender os anseios dessa nova classe", tendo sido surgida pelo aumento do poder de consumo da mesma. Contrapõe ao fato em questão uma hipótese, a de que a "nova classe média" fosse o resultado de intervenções por parte do Estado que tivesse investido em eixos estruturais como educação e saúde públicas, e não em paliativos que somente confortam melhor os rumos da exploração e opressão capitalistas. Se tivesse sido esse o caso, investimentos estruturais, tornado-os assim de qualidade, suprimir-se-ia então a necessidade vigente do serviço privado para satisfação das demandas da sociedade. A não necessidade de se procurar uma rede privada para sanar estas carências estruturais liberaria este dinheiro investido das despesas orçamentárias dos indivíduos e das famílias, resultando uma folga financeira análoga à do aumento salarial, que é no caso o acontecimento atual. Daí que conclui a frase com que abrimos esta resenha crítica, de que é compreensível que a "nova classe média" (ou melhor, para já adiantar a temática de Marilena Chauí, a nova classe financeiramente beneficiada, distinção que se faz valer na medida em que não incorpora por completo o conjunto de valores da classe média típica, carregando consigo uma identidade de gênese) pense algo como "o meu direito de cidadão é antes de mais nada o meu direito fundamental de consumo", posto que a realização de suas necessidades vem se dando pela via das mercadorias. O que se tem é a política sendo subsumida ao mercado. Atrelado à esse quadro privatista do que era para ser da ordem dos serviços públicos, se tem o recuo que a esquerda brasileira e em larga medida mundial passou nas últimas décadas. Quando a nova classe vê que aquilo que seria a proposta diferencial de um governo de esquerda, a saber, a publicização dos serviços fundamentais, como algo distante do horizonte esquerdista das pretensões partidárias, seria "racional" apoiar, podemos dizer, os candidatos S.A.C.*. Por fim, Safatle ressalta que o governo Dilma é o governo com menos intelectuais dos últimos 20 anos, e aponta para um "processo paulatino de divórcio [...] o que demonstra a baixa capacidade de produção de idéias [...], de expor ideias que tenham um mínimo de radicalidade, que possam criar um tipo de adesão e engajamento para pessoas que querem algum tipo de transformação estrutural". Eis seu diagnóstico final: se por um lado a esquerda vem perdendo hegemonia no discurso cultural, esvaziada de uma radicalidade possível ao longo das últimas décadas, de outro lado a ala conservadora que apoiou o lulismo aparece como oferecendo o melhor discurso político, que assimilando o ideário mercadológico da nova classe, desponta no horizonte eleitoral como os portadores de suas aspirações.


Para conferir os vídeos dos palestrantes, vão os links abaixo:



*S.A.C.: Serviço de Atendimento ao Consumidor

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Itamar Assumpção - Que tal o impossível? e Ai se Sêsse - Cordel do Fogo Encantado



Que Tal o Impossível

Itamar Assumpção

Que tal se nós dois vivêssemos
Do jeito que nós quiséssemos
Sem nada que aborrecesse-nos
Que tal se tudo tivéssemos
Que tal se realizássemos
Aquilo que nós sonhássemos
Maçãs macias comêssemos
Que tal se nós beijássemos
Que tal se nós dois dormíssemos
Olho no olho acordássemos
Que tal se nós felicíssimos
Que tal se nós dois voássemos
Que tal se nós dois pudéssemos
Aquilo que desejássemos
Que tal se nós dois cantássemos
Tocássemos e nós dois mesmos dançássemos
Que tal se nós dois partíssemos
Que tal se a sós ficássemos
Que tal se ao máximo amássemos
Que tal se no céu morássemos
Que tal
Que tal o impossível
Que tal
Que tal o impossível

&
"O poeta Zé da Luz, do início do século, escreveu uma poesia, porque disseram pra ele que, pra poder falar de amor era necessário um português correto, tal. Aí Zé da Luz escreveu uma poesia chamada Ai se Sêsse:"

Ai Se Sêsse

Por Cordel Do Fogo Encantado

Se um dia nois se gostasse
Se um dia nois se queresse
Se nois dois se empareasse
Se juntim nois dois vivesse
Se juntim nois dois morasse
Se juntim nois dois drumisse
Se juntim nois dois morresse
Se pro céu nois assubisse
Mas porém acontecesse de São Pedro não abrisse
a porta do céu e fosse te dizer qualquer tulice
E se eu me arriminasse
E tu cum eu insistisse pra que eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Tarvês que nois dois ficasse
Tarvês que nois dois caisse
E o céu furado arriasse e as virgi toda fugisse

Itamar Assumpção - Dor elegante






"Itamar de Assumpção (Tietê13 de setembro de 1949 — São Paulo12 de junho de 2003) foi um compositor, cantor, instrumentista, arranjador e produtor musical brasileiro, que se destacou na cena independente e alternativa de São Paulo nos anos 1980 e 1990"


Dor Elegante

(Itamar Assumpção e Paulo Leminski)



Um homem com uma dor
É muito mais elegante
Caminha assim de lado
Como se chegando atrasado
Chegasse mais adiante

Carrega o peso da dor

Como se portasse medalhas
Uma coroa, um milhão de dólares
Ou coisa que os valha

Ópios, édens, analgésicos

Não me toquem nessa dor
Ela é tudo o que me sobra
Sofrer vai ser a minha última obra

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Seminário sobre Vitor Hugo

Começa amanhã, terça-feira, dia 28/08. Em comemoração aos 210 anos do escritor e 150 anos da obra Os Miseráveis.

http://www.unb.br/noticias/galeria/images/UNBHOJE/2012/Ago/28/unbhoje/unbhoje1

"Corações Sujos" - Trailer

Os 'globais' estão lançando esse filme aí. Parece que o nível do cinema brasileiro está cada vez mais 'competitivo' em comparação com o cinema estrangeiro. E não vamos querer posar de intelectuais e etc, porque quando vemos, não somente quanto ao cinema, algo que é brasileiro já nem consideramos de início. Este blog aqui é o exemplo irônico disso...


"Filme de Vicente Amorim baseado no best-seller de Fernando Morais, com estréia marcada para 17 de agosto de 2012".

Aliás nem tinha ouvido falar sobre ele até agora. Mas, do 'Batman' sim.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

SOMOS TODOS GUARANI-KAIOWÁ!

Segue abaixo o link intitulado "Nota da Aty Guasu Guarani-Kaiowá às autoridades federais do Brasil e Mundo". Conforme circula nas mídias não governistas, o Estado do Mato Grosso do Sul, na região de fronteira com o Paraguai, em Paranhos, vêm presenciando ataque a indígenas e principalmente seus caciques. Perseguidos e assassinados, sofrendo sistemáticas violações do direito à terra que habitam desde o século XVIII e que atualmente é assegurada por demarcação da FUNAI, em nota pedem apoio às autoridades globais, ao mesmo tempo que afirmam resistência até, se necessário, a morte coletiva. Os agressores são pistoleiros a mando de fazendeiros da região que, em vídeo divulgado recentemente (18/08/12), declararam guerra aos povos autóctones. 


Abaixo, link do vergonhoso vídeo de ameaça:


Ainda abaixo, link sobre a portaria 303 da AGU que "permite a proibição de novas demarcações e revisão daquelas que não se adequem às condicionantes do STF. Também autoriza a implantação em territórios indígenas de unidades, postos e demais intervenções militares, malhas viárias, empreendimentos hidrelétricos e minerais de cunho estratégico, sem consulta aos povos e comunidades. Afeta, ainda, a autonomia em relação ao usufruto das terras.".


AVANTE, A LUTA CONTINUA!

Curta "Amor só de Mãe"

Assista aqui:
http://portacurtas.org.br/filme/?name=amor_so_de_mae

Gênero: FicçãoConteúdo Adulto 
Subgênero: Terror 
Diretor: Dennison Ramalho 
Elenco: Débora MunizEveraldo PontesJosé Salles,Rynaldo PapoyVera Barreto Leite 
Duração: 20 min     Ano: 2002     Bitola: 35mm 
País: Brasil     Local de Produção: SP 
Cor: Colorido 
Sinopse: Numa aldeia de pescadores, acontecimentos macabros se desenrolam numa noite de satanismo, morte e orações à Nossa Senhora da Cabeça. 

Primeiro uma discordância ou dúvida quanto à sinopse do site. Essa 'Nossa Senhora da Cabeça' eu não soube distinguir ali no filme, não vi alusão a ela; mas é o de menos. Quanto ao curta, é uma das melhores produções nacionais que eu já vi em terror - melhor até do que o famigerado Zé do Caixão, na minha opinião. 

Entretanto, explora ainda um certo conteúdo de velhas crendices cristãs, um medo do sexo em seu caráter mais 'animal', a serpente, o tema da mulher bruxa, etc. Inclusive este último tema é observado pelo infame Ezio Bazzo, autor de Brasília, no livro "Prostitutas, bruxas e donas de casa - Notícias do Éden e do calvário feminino". Em breve farei uma resenha sobre.

O caráter explorado mais profundo é o macabro, a face obscura do comportamento humano, é algo antes dos mitos, das crenças - estes o procedem. Nesse ambiente do macabro, as relações sociais são dissipadas, qualquer moral parece inútil, e a consumação do ato se instaura em uma realidade onírica, desconexa. O ato de matricídio, arrancar-lhe o coração e a assombração e o tormento no curta é algo que me lembrou Allan Poe - principalmente em seu conto "The Tell-Tale's Heart", inclusive achei uma produção dele: http://www.youtube.com/watch?v=envukur1q3I

Outro ponto bem evidenciado foi as feições dos personagens, macilentas, cadavéricas, lívidas, muito bem, muito bem. Confiram.