segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Seminário sobre Vitor Hugo

Começa amanhã, terça-feira, dia 28/08. Em comemoração aos 210 anos do escritor e 150 anos da obra Os Miseráveis.

http://www.unb.br/noticias/galeria/images/UNBHOJE/2012/Ago/28/unbhoje/unbhoje1

"Corações Sujos" - Trailer

Os 'globais' estão lançando esse filme aí. Parece que o nível do cinema brasileiro está cada vez mais 'competitivo' em comparação com o cinema estrangeiro. E não vamos querer posar de intelectuais e etc, porque quando vemos, não somente quanto ao cinema, algo que é brasileiro já nem consideramos de início. Este blog aqui é o exemplo irônico disso...


"Filme de Vicente Amorim baseado no best-seller de Fernando Morais, com estréia marcada para 17 de agosto de 2012".

Aliás nem tinha ouvido falar sobre ele até agora. Mas, do 'Batman' sim.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

SOMOS TODOS GUARANI-KAIOWÁ!

Segue abaixo o link intitulado "Nota da Aty Guasu Guarani-Kaiowá às autoridades federais do Brasil e Mundo". Conforme circula nas mídias não governistas, o Estado do Mato Grosso do Sul, na região de fronteira com o Paraguai, em Paranhos, vêm presenciando ataque a indígenas e principalmente seus caciques. Perseguidos e assassinados, sofrendo sistemáticas violações do direito à terra que habitam desde o século XVIII e que atualmente é assegurada por demarcação da FUNAI, em nota pedem apoio às autoridades globais, ao mesmo tempo que afirmam resistência até, se necessário, a morte coletiva. Os agressores são pistoleiros a mando de fazendeiros da região que, em vídeo divulgado recentemente (18/08/12), declararam guerra aos povos autóctones. 


Abaixo, link do vergonhoso vídeo de ameaça:


Ainda abaixo, link sobre a portaria 303 da AGU que "permite a proibição de novas demarcações e revisão daquelas que não se adequem às condicionantes do STF. Também autoriza a implantação em territórios indígenas de unidades, postos e demais intervenções militares, malhas viárias, empreendimentos hidrelétricos e minerais de cunho estratégico, sem consulta aos povos e comunidades. Afeta, ainda, a autonomia em relação ao usufruto das terras.".


AVANTE, A LUTA CONTINUA!

Curta "Amor só de Mãe"

Assista aqui:
http://portacurtas.org.br/filme/?name=amor_so_de_mae

Gênero: FicçãoConteúdo Adulto 
Subgênero: Terror 
Diretor: Dennison Ramalho 
Elenco: Débora MunizEveraldo PontesJosé Salles,Rynaldo PapoyVera Barreto Leite 
Duração: 20 min     Ano: 2002     Bitola: 35mm 
País: Brasil     Local de Produção: SP 
Cor: Colorido 
Sinopse: Numa aldeia de pescadores, acontecimentos macabros se desenrolam numa noite de satanismo, morte e orações à Nossa Senhora da Cabeça. 

Primeiro uma discordância ou dúvida quanto à sinopse do site. Essa 'Nossa Senhora da Cabeça' eu não soube distinguir ali no filme, não vi alusão a ela; mas é o de menos. Quanto ao curta, é uma das melhores produções nacionais que eu já vi em terror - melhor até do que o famigerado Zé do Caixão, na minha opinião. 

Entretanto, explora ainda um certo conteúdo de velhas crendices cristãs, um medo do sexo em seu caráter mais 'animal', a serpente, o tema da mulher bruxa, etc. Inclusive este último tema é observado pelo infame Ezio Bazzo, autor de Brasília, no livro "Prostitutas, bruxas e donas de casa - Notícias do Éden e do calvário feminino". Em breve farei uma resenha sobre.

O caráter explorado mais profundo é o macabro, a face obscura do comportamento humano, é algo antes dos mitos, das crenças - estes o procedem. Nesse ambiente do macabro, as relações sociais são dissipadas, qualquer moral parece inútil, e a consumação do ato se instaura em uma realidade onírica, desconexa. O ato de matricídio, arrancar-lhe o coração e a assombração e o tormento no curta é algo que me lembrou Allan Poe - principalmente em seu conto "The Tell-Tale's Heart", inclusive achei uma produção dele: http://www.youtube.com/watch?v=envukur1q3I

Outro ponto bem evidenciado foi as feições dos personagens, macilentas, cadavéricas, lívidas, muito bem, muito bem. Confiram.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Curta "Entre Muros"

Acesse o site para ver:
http://portacurtas.org.br/filme/?name=entre_muros

Gênero: Ficção 
Subgênero: Drama 
Diretor: Adriana Tenório 
Elenco: BellatrixRenato GóesSilvio Matos 
Duração: 17 min     Ano: 2011     Bitola: 35mm 
País: Brasil     Local de Produção: RJ 
Cor: Colorido 
Sinopse: A natureza de um homem tentando transpor sua opção religiosa de padre. 

Curta muito bem filmado, com cortes e uma trama intensa. A maceração da carne, a cor do vestido da mulher, as formigas vermelhas permeando a batina, os músculos em tensão, a crise entre o modelo normativo - a cruz, a bíblia - e a vontade de possuir o objeto, os olhos e a boca abrindo recebendo a hóstia; o supremo esforço de interiorização do desejo e de extirpação do mesmo - ainda que não possível, pela característica intrínseca humana -, culminando na violência e na loucura. 

Vale a pena saber a que qualidade está chegando o cinema brasileiro, mesmo que isso não seja divulgado por aí afora. Mas, temos a iniciativa deste blog para isso e se quiserem contribuir sejam bem-vindos. 

Vejam... Contemplem...


Vejam... Contemplem... A carnificina pública do nosso próprio país. A descaracterização constante e diária nas ruas em que nós passamos, muitas vezes virando a cara ou fingindo não estar vendo, "vista grossa".

Acabei de tomar conta desse artista e sei pouca coisa sobre:
Seu nome: Marcelo Gabriel e sua cidade: Belo Horizonte.
Não achei um sítio oficial. Algumas informações de que ele é um dos maiores representantes da dança brasileira no exterior.

Esse vídeo fala muito com pouquíssimas palavras, eu não preciso descrever. Mas, há uma cena que eu particularmente notei como a mais expressiva e central no vídeo, duas na realidade. A primeira é a do corpo sangrando. Para mim o corpo do brasileiro servido no banquete do mundo (com a bandeira "Brazil" fincada no rabo). A segunda, a cena das mulatas e uma das únicas palavras pronunciadas no clip: "bunda". Ou seja, "venham nos consumir, venham, nós só valemos o consumo..." E o ritmo e a dança embalando alegremente essa orgia, esse bacanal que é o Brasil.

Vou procurar saber mais.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Deus e o Diabo na Terra do Sol (1963-64) – Glauber Rocha.



            É um filme que não se resolve com facilidade. Interminável em seus 125 min. Tem belíssimas imagens, ótima gravação e roteiro, sim. Mas, altamente não recomendado para entediados ou para aqueles não dotados de uma paciência estóica. É um marco no cinema brasileiro, no cinema latino-americano, que antes dele restava deslocado do eixo europeu. É considerado aquele que marca o cinema novo, sim. Como diz Arnaldo Carrilho, em depoimento no DVD comemorativo da Riofilme. A seguir cito Glauber:

            "[...]em Cannes, em 1964, quando eu e Nelson
Pereira dos Santos apresentamos Deus e o diabo na terra do sol (1963-64)
e Vidas secas (1963). Foi a entrada do cinema brasileiro, como fenômeno
cultural, no mundo cinematográfico." (Glauber Rocha, O Século do Cinema, pág. 45)

            Eu considero a grandeza do filme – em ambos os sentidos -, o que mostra e como mostra: a cultura nordestina, com seus heróis, suas lendas, sua forma de narrar, as canções e a literatura de cordel; fortemente presentes. Filmado em Monte Santo (BA), mostra cenários enormes do sertão, agressivos, contrastantes, cortantes. Porém, espectador que sou, parece-me que há nele um ótimo roteiro feito para 30 min e colocado em um filme de duas horas. Uma morosidade sem fim para que os lances se resolvam, uma lentidão demasiada, realmente eu não sei o que Glauber Rocha quis com isso.
            Com metade do tempo, o filme seria perfeito. E, olhando para algumas sinopses, permaneço ainda mais nessa ilusão.

Bom, deixando a palavra para o próprio Glauber, me retiro.
"Deus e o diabo na terra do sol, digamos que foi um filme provocado pela
impossibilidade de fazer um grande western, como poderia fazer, por exemplo,
o John Ford. Ao mesmo tempo, havia um caminho de inspiração eisensteiniana,
de A linha geral e do Encouraçado Potenkim, e ainda as influências do
Visconti e do Rossellini, do Kurosawa, do Buñuel. Então, Deus e o diabo foi
feito sob essa luta entre Ford e Eisenstein, e a anarquia buñueliana, a força
selvagem da loucura do surrealismo." (Glauber Rocha, O Século do Cinema, pág. 330)

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Sexo Anal, a resenha reloaded por Igor França



O criador do sexo anal

Li Sexo Anal em uma sentada só. Apesar de ser um trocadilho barato, é verdade. Aliás, tive um professor de português, o Jorge, dizia que o trocadilho era o humor fácil dos idiotas. Apesar de vários grandes jovens usarem o tal do trocadilho a torto e a direito, como por exemplo, um tal de Rimbaud, devo reconhecer que existem formas muito mais inteligentes de humor e que normalmente usamos o trocadilho para fazer piadas com os tios no churrasco de domingo (ou para escrever "Um Coração Sob a Sotaina"). De fato me sinto mais retardado cada vez que faço ou  aprecio um trocadilho.(Inclusive o jornalista do globo, André Luís Mansur deve ser um grande apreciador de trocadilhos, por todo um período de 24 horas/dia).

Sexo Anal é genial, talvez uma das grandes coisas que tive a sorte de tomar conhecimento nessa nossa contemporaneidade: é sensível, é lindo (repare que me refiro ao livro e já abandonei os trocadilhos há milênios). Biajoni apresenta neste texto uma escrita bastante rara nos dias atuais já que não aparenta ser pretensioso, não constrói um livro de milhares de relações e alusões internas hipercomplexas a outros autores e obras da “literatura universal”, praticamente codificadas, para que, se der sorte, a crítica literária um dia o leia, descubra tais alusões e o tenha como gênio, fazendo da literatura algo como um caça palavras do John Nash, não deseja ser complexo a maneira acadêmica ou à moda das notas de rodapé. A complexidade de seu texto nasce de um conhecimento quase inefável dos comportamentos humanos; não usa palavras de baixo calão para impressionar os jovens, nem para ser moderno, nem porque não sabe escrever, nenhuma dessas porras, caralho.  Há sim, vários elementos da trama interna que denunciam a complexidade por baixo dos panos. Verifica-se, por exemplo quando analisamos por que Virgínia apaixona-se por Luiz: inexperiência e amor ao sexo anal. Como Luiz tinha sido o único a fazer sexo anal com ela (e ela, naturalmente, apaixonou-se pela modalidade) ela transferiu esse sentimento de prazer para ele, que alíás foi testado por sua amiga, Ana, que comprovou que Luiz era um completo fiasco na cama. E finalmente, quando Virgínia transa com o médico (inclusive sua profissão, médico, denuncia não só o status social que Luiz não tinha, mas também o conhecimento e a habilidade de lidar com o corpo que este último jamais teria e que era muito caro a Virgínia) apaixona-se verdadeiramente, pelo médico ou pelo sexo anal bem feito, tanto faz.  Ou seja,  um bom livro, não é feito de citações, é bom quando um autor deseja escrever por si mesmo, explorar suas sensibilidades, explorar suas próprias lendas...algo raro hoje em dia... ao menos raro de ser publicado.

Devo concordar com o Alan que senti algumas influências Bukowskianas aqui, porém, ao contrário do estilo misantropo do Bukowski que usa de obscenidades e mostra-se altamente mal-humorado com o objetivo supremo de se afastar do próprio leitor, como maneira de renegar a si mesmo e muitas vezes o próprio fazer literário, renegar o way o life, renegar o sonho americano, de mostrar o quanto o seu mundo e o do leitor são diferentes e tornar mais evidente a sujeira, a solidão e a bizarrice, Biajoni usa o mesmo recurso, porém de uma maneira tão bem articulada e inteligente que se aproxima do leitor. É visível na sensibilidade do autor, nas vacilações das personagens: Biajoni escreveu homens e mulheres lindas. Biajoni é Biajoni, Bukowski é um velho safado.

Há algum tempo, venho notado que a literatura atual (e se a literatura atual recorre a tal fórmula nefasta, também o entendimento das pessoas recorre) caiu numa fórmula de compreensão dos anseios humanos mais plana do que um personagem de novela das 8 da globo. A fórmula é: “todos estão voltados somente para o lucro pessoal”. Existe algo mais adolescente do que isso? É como se, após a infância, após descobrirmos que o mundo pode ser bastante sórdido, para nos proteger, de supetão, saímos do mundo plenamente bom e belo da infância e nasce o mundo plenamente feio e mal da adolescência e daí afirmássemos: “todos aspiram somente o lucro pessoal, todos desejam somente poder” ou “o mundo é uma selva”  viajando com grande facilidade de um polo a outro, (e todas aquelas “verdades”  que dançam na mente e na boca de adolescentes de 14 a 50 anos que leram mal os gênios alemães e judeus em geral ou que simplesmente não leram porra nenhuma mesmo... ou pior, leram só um livro, ou autor e esse virou um Deus e uma bíblia para o aspira a intelectual... sempre me disseram : “o pior leitor é um leitor de um livro só”) . A questão é que sim, de fato essas verdades tem seu direito como “verdade”, no entanto “a parada é muito mais louca do que você pensa”: os personagens que passeiam desde o ridículo até atos louváveis e grandiosos, da baixeza a dignidade, se guiam por várias motivações, eles são príncipes e levaram soco na cara, tá aí um livro que o Poema em linha reta não derruba.

E como se isso não fosse impressionante o suficiente para os atuais anos de Etiópia poética em que vivem os catálogos editoriais (veja como na poesia são os famintos que fazem a fome e não a fome que faz os famintos como no mundo “real”) ainda tem-se uma  estrutura do texto que prende sua atenção TOTALMENTE. É bom, de vez em quando, constatar que existem autores vivos que escrevem como literatos e não como alunos da quinta série fazendo redações sobre as férias escolares. Aqui o interesse é na trama como um todo, nada foi feito ao acaso, nenhum personagem esquecido por mero desleixo, aqui há um real acabamento do texto, sua organização possui ritmo e prende a atenção, ele sabe fazer suspense sem ser apelativo e nesse ponto me lembra um pouco a habilidade de Victor Hugo (mais especificamente em ‘Os Miseráveis’) na construção da trama, de manter interessado o leitor, mas, obviamente, com um sotaque tupiniquim e, ao invés da miséria e Waterloo, tece reflexões sobre imprensa, relações complexas e... cús.

Aliás, a imprensa! Faltava um livro que, com aquele humor que só a literatura brasileira consegue fazer, que já está presente no Machado que é basicamente aquele humor que você não sabe se ri ou se chora que tratasse da questão da imprensa marrom, dessa coisa que as pessoas chamam de informação, mas que para os mais observadores não passam de factoides, pois não oferecem nenhuma análise mais profunda da própria questão noticiada ou sobre a compreensão do fato na conjuntura do próprio mundo (“Filho do Leonardo come frango” e escândalo de corrupção não são informação, apesar de eu gostar de frango).  A análise do Biajoni do moralismo do brasileiro (como do velho caipira, que se acha na condição de juiz para decidir o que fazer com os dois jovens fugitivos) é muito mais informativa do que 50 horas de Jornal Nacional sem intervalos.
Recomendo o livro, não vou escrever muito mais já que só minha avó, meu cachorro, e  meu papagaio vao ler isso aqui, com muito custo.

P.S.: Falei do André Luís no início do texto porque ele não entendeu nada. Não entendeu que o erotismo do sexo anal não é valido em si mesmo como no ganhador do Nobel de... 2006(?) da Bruna Surfistinha, nem se pretende que ele seja pesado, intragável, ou que choque alguém,  o segredo do livro é se chamar Sexo Anal e não ser nojento ou reprovável (apesar de existir esse preconceito no livro). E apesar disso essa incompreensão do jornalista global (?) está na contracapa do livro. Será que quem não entendeu fui eu? Pode ser, essas coisas sempre acontecem comigo.

                Igor Oliveira França

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Filmes Brasileiros Completos

‎86 Filmes brasileiros completos no Youtube: 

Aproveitem:
http://www.youtube.com/playlist?list=PL9CBB5A6C86BEA452

Daqui a pouco assisto este:



Curso sobre Pasolini


“2° Colóquio Marxismo e Produção Simbólica: Periferia e Periferias Outras”


http://marxismoeproducaosimbolica.wordpress.com/


O “2° Colóquio Marxismo e Produção Simbólica: Periferia e Periferias Outras” tem como uma de suas finalidades principais promover o incremento de uma investigação mais detida sobre as relações entre centro e periferia, tanto nos estudos marxistas quanto na produção simbólica. Por meio do questionamento do por assim dizer estatuto do ‘lugar’ periférico, suas diferenças e semelhanças com o centro, constituir-se-ia sua ‘atualidade’ na vida contemporânea.

O Povo Brasileiro - Darcy Ribeiro (2000)


Caros, este documentário feito com base na obra de Darcy Ribeiro, com participação do mesmo, de Chico Buarque, Tom Zé, Gilberto Gil, etc; é um achado. Eu recomendo fortemente! Reconstitui, desde a chegada dos europeus, o cenário antropológico do continente e suas interações mesmas - despidas do caráter oficial a que estamos acostumados a saber dos acontecimentos históricos. Vejo com outros olhos os brasileiros, mesmo que eu já tivesse bastante interesse nesses aspectos. Há uma parte dedicada à história de formação de cada constituinte (pelo menos regional e de forma geral, até a atualidade aqui no país): os indígenas, os africanos, os europeus, os portugueses, etc.

Brasileiros com orgulho...



Não posso conceber sem me convulsionar o Brasil, ou melhor, os brasileiros engolirem com gosto a lavagem que lhes põem na mesa todos os dias. E a parte mais refinada dela é servida de quando em quando, onde é possível, na hora oportuna. Quando mais brasileiros estão sentados para se servir. É gostoso falar abrangente, pois as últimas frases servem para ampla soma de nossa história e, se calculo bem a quantidade de restos e são suficientes, para toda ela.
            Todavia, não quero brincar com o servir nem com o calculus (pedra) para servir, porque parece mesmo que a função da servidão é reservada tão somente ao brasileiro. E, se Galileu cresce com a lembrança do conhecido badalar dos sinos a chamar Pisa à fogueira que se ergue diante da arquibancada do clero e do olhar popular, com os gritos de grandes figuras (Copérnico, Giordano Bruno, etc.) e anônimos a ressoar aos ouvidos; o brasileiro cresce com o chilrear das correntes e o estalar da chibata, a sirene das viaturas policiais e o medo dos cassetetes. “Está brincando comigo?” Alguém perguntaria de pronto.
            É... Tornamo-nos metrópole. A escravidão acabou(?). Utilitarismo, burguesia. Revolução! Revolução... Indústria, automação. Totalitarismo! Burguesia... Revolução! (não, digo, anos 60). Ditadura militar. Protestos, calúnia, torturas, mortes e exílios. Democracia! Democracia? Burguesia...
            Mas, eu me esqueci de falar que na parte dos Totalitarismos, tão bem descritos por Arendt, houve um importante avanço, maduro fruto das tecnociências que a humanidade colheu: é que Goebbels inventou na Alemanha a Propaganda! E hoje, (é pena dizer) não só o brasileiro se serve desse delicioso bem! A Mídia (que fartura!) está em todo lugar! E não podemos reclamar da fome, como o brasileiro Josué de Castro, há lavagem para todos!
            No Distrito Federal como em São Paulo (como em qualquer outro lugar, pena) os magnatas fornecem os ingredientes e a receita para que os jornalistas mantenham viva a opinião pública. E é assim que se sabe sobre o denominado Santuário dos Pajés, derradeiro recanto indígena do umbigo egocêntrico do país; é desse modo que se sabe sobre os estudantes baderneiros brasilienses e paulistas, sobre a ocupação da reitoria da USP(2011); é assim que se sabe sobre a GREVE das Federais, etc, etc. 

Texto de 2011, com o final modificado...

sábado, 11 de agosto de 2012

Trailer - Meu Amigo Nietzsche - direção: Fáuston da Silva




Divulgando esse curta que vai rolar no Festival de Cinema de Brasília, em setembro, no Teatro Nacional.

http://www.festbrasilia.com.br/noticias/conhecidos-os-filmes-brasilienses-que-concorrem-ao-trofeu-camara-legislativa

Sexo Anal – Uma novela marrom. Luiz Biajoni.




Enredo:

Há de forma central um casal de namorados: Luiz, um escriturário e Virgínia, uma jornalista. Esta consegue se promover no jornal em que trabalha, através de um primeiro caso de grande audiência, que foi chamada para cobrir. Enquanto isso, seu namoro passa por uma crise, após ela ter dado a bunda para o proctologista com quem foi se consultar. Ela tem um fetiche com o sexo anal, ao tempo que tem hemorróidas; justo o que a levou ao médico e ao ato impulsivo de fazê-lo no momento do exame. Logo depois, ela o confessa ao namorado e a trama se desenrola em várias direções; inclusive com a presença de sua amiga Ana, que num interesse louco, tenta fazer com que Virgínia fique com ela. De acordo com o autor o interesse principal do livro não era a pornografia, mas mostrar a sujeira que rola no chamado “jornalismo marrom”.


            O que dizer... Senti um apelo a Bukowski rondando as páginas, mas foi um apelo interessante, jovial, do tipo pé-na-porta, escancarar... E a pornografia? Ótima, bastante natural. Aliás, o tipo de escrita é de forma bastante natural, não se preocupa em “estar bom”, se preocupa em descrever as situações da maneira do retrato, sem realmente preocupação com “estilo”. E essa geração beat nos deixou de ponta-cabeça, realmente. A coisa parece ter saído da “literatura”, para o diário bêbado e caído em uma literatura assim, que parece sem escrita, mas com um enredo. E o que se pode dizer do impacto do cinema? No modo de narrar, no modo de lembrar, no papel da própria literatura, dos escritos? Esse desenrolar de décadas, claro, merece uma atenção mais pausada; mas, me veio à tona durante a leitura desse livro, me intrigou. E a resposta ele mesmo dá, ainda que de forma implícita, penso eu:

 “– O cu é marrom, a merda é marrom, a imprensa é marrom e até a terra, pra onde a gente vai debaixo no fim, é marrom. A vida não tem cor! Que se fodam todos os hipócritas que não vêem isso! Que morram! Faço o meu trabalho e o meu trabalho é esse: contar as histórias que todos querem que eu conte.” (pg. 112).

Penso que o livro precisa de uma boa reedição, algumas coisas reescritas. Fora isso, as partes são bem intercaladas, com uma trama que não permite tédio, com o suspense do fato futuro, esperado pelo leitor. E o que não dizer do principal? A temática do sexo é nua e crua, visceral, suja, tosca, gostosa, e tantas coisas. Do asco ao prazer, aquilo de que estão rodeados os desejos, as perversões, as pequenas e grandes violências. A liberdade sexual está em vários planos, os segredos cotidianos são mostrados vivos, sem frescura – dos ambientes mais refinados aos mais escrotos.